Candidatos a prefeitos; o que será que será, ou quem será que será, uma questão de ótica

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O reboliço é geral na rara feira livre como é hoje, mas que ainda é o centro nevrálgico das questões públicas de qualquer lugar ou município. Lá aonde ficam os alvos sacos de farinha, se ajuntam velhos e novos dividindo o como diz o novo termo, compartilhando experiências vividas no cotidiano das suas respectivas vidas. Ali, bem ali do lado esquerdo e não na esquerda, Tôim de Bia da uma tailascada de farinha no saco e joga boca a dentro dando duas ou três remuídas e fala nevoando a cara dos ouvintes de nuvem branca do produto com o português de gente da roça um tanto romântico: “As inleição já tá chegano, e os nome tomém, tem um monte ai quereno sê o próchimo... Ao que chico de Nona solta um direto de direta mas não da direita falando sobre a preferência do “Home” -O home já tem um nome, que é o...Ia soltar o nome mas é cortado por João de Dêga que fala solenemente” E os viriadô adonde que fica? Uví falá que lá tem bem uns quáto que tomém qué sê canidato! Tem o... Ia debulhar os nomes mas também foi cortado por outro interlocutor, que também abocanhara um punhado de farinha e tascava boca a dentro. -Vórmicêis tão isqueno de um detái, o rapais que é dotô e qué já foi viriadô tomém, já disse que vai prás concorenças... Seu chico da rima velho conhecedor das causas do seu município, encostado no saco da alva farinha, vez por outra abocanhava um punhado e mandava boca a dentro. Homem das oiças boas, seu Chico da rima ouvia tudo, atento aos comentários saboreando a gostosa farinha do Civirino da serra. Chegando de rompante, manél de Neca cumprimenta a todos numa alegria quase que contagiante e solta: Born dia pessoa! Óia, se pudesse eu tirava uns dez títo inleitorá... Nisso todos arregalam os olhos para Manél com que perguntando “porque”? E ele antes que todos verbalizassem a pergunta emenda: -É um monte de canidato...  Tem ingeêro, dotô, viriadô, professô, acessô, professora, adévogado e todo mundo diz que é trabaiôso mais todo mundo qué, purque será, hein pessoá? Oví falá que é a vaca dos ovos de ouro! Nisso todos que acompanhavam a explanação do Manél soltam uníssonos:  Adonde tú viu vaca botá ôvo imbecil?! Ao que o próprio Manél corrige; É mesmo vaca da leite!  Melhor ainda purquê tem quatro tetas! Seu chico da rima que como sempre a tudo escutava resolve intervir: Pessoá já tá chegano a hora deu ir para casa, mode dá palma de pasto prás minhas cria.  Apruveito mode dizê a vormiceis, que tamo num tempo de seca e tempo de inleição e em tempo de seca quando chove, a chuva vem de riba, dos alto, e em tempo de inleição...  Bom em tempo de inleição eu num sei o que será, que será ou quem será que será... Disse isso e partiu no meio da feira se tornado mais um no meio da multidão que se perguntam: quem será que será?

Autor: Franciólli Luciano Jornalista filiado a ACEJI e abraji registro profissional MTB Nº 0003901/escritor cineasta e dramaturgo.

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